quarta-feira, 8 de agosto de 2012

VERDEJAR - A SERRA MISERICÓRDIA CLAMA PELA SUA LUTA


O VERDEJAR é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos de caráter socioambiental e cultura. O grupo é formado por moradores de favelas e bairros da Zona Norte do Rio de Janeiro que em parceria com ambientalistas que que sentem a necessidade de um trabalho sério e efetivo na última área verde daquela região. Inspirados na figura de um grande exemplo de cidadão carioca - Luiz Poeta, se organizaram e uniram forças para desenvolver ações e projetos de preservação e recuperação ambiental no maçiço da Serra da Misericórdia.
Os integrantes e colaboradores da instituição trabalham há mais de 15 anos na região. Para descrever as centenas de ações realizadas por eles iria ultrapassar o limite desse post e ainda assim não atingiria o seu objetivo, mas é fato que as ações estão voltadas para o desenho de uma sustentabilidade urbana adaptada para os esquecidos do governo nas diferentes escalas, que são as favelas cariocas onde a comunidade é alvo apenas de visita em época eleitoral ou anúncio de uma área de influência da violência. Mas a violência, não é focada apenas na força bruta, no significado da palavra é " algo que viola". E, deste vez a LIGTH (empresa de fornecimento de energia do estado do Rio de Janeiro) foi quem violou o direito de aviso e reconhecimento do trabalho social dos que fazem esse espaço.
 Antes de ontem, dia 06/08 a LIGTH chegou de surpresa com o oficial de justiça para desapropriação da sede da ONG. Vale ressaltar que a área é pública e foi vendida para a empresa estrangeira, que ESTAVA EM NEGOCIAÇÃO com CHEGOU DE SURPRESA COM OFICIAL DE JUSTIÇA PARA DESINTEGRAÇÃO DE POSSE E DEMOLIÇÃO DA SEDE DA INSTITUIÇÃO! O documento de posse do oficial estava com número do endereço errado e não havia tido aviso prévio, ou seja, a forma que estava acontecendo a desapropriação era ilegal. E, mesmo assim a polícia foi chamada para que fosse feita a demolição da sede, a favor dos errados.
Além disso, o que mais chama a atenção é o fato de que  empresa havia tentado a assinatura de um juiz do RJ para aprovar a desapropriação da área, e no documento constava que a área era desocupada, entretanto o juiz negou e informou no processo que iria enviar um fiscal para averiguação. Contudo, a Ligth  manobrou juridicamente e conseguiu a assinatura de uma desembargadora que aprovou a demolição, sem visita prévia para perícia e sem aviso.
Ontem 07/08, coordenadores da VERDEJAR se reuniram com integrantes do governo do estado na Secretaria do Meio Ambiente do RJ e tiveram a notícia que terão acesso ao processo de desintegração de posse da Ligth, especialmente ao relatório que instrumentaliza a justiça a averiguar as citações errôneas de ausência de ocupação do terreno. Sendo assim, acompanhar o processo e entrar com pedidos cabíveis.
Outro importante ganho, foi (finalmente) a criação de um grupo gestor da Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana da Serra da Misericórdia (APARU), criada em 2000 com o objetivo de recuperar o importante remanescente florestal em área urbana.
O Matas Brasileiras irá acompanhar todo o processo que agora se inicia...e, só para lembrar aos seus leitores que a maquiagem verde das empresas é um fato, não se ilude! A energia que move a Ligth é a mesma que move as manobras jurídicas dentro das instituições que deveriam proteger o cidadão!
Essa LUTA é de todos nós..a Serra clama por MISERICÓRDIA e quem SOCORRE é o VERDEJAR!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Dendrofobia - um mal cada vez mais presente

Em meio a tantas moléstias presentes na vida urbana, confesso que  recentemente tomei conhecimento de mais uma - a dendrofobia. Sabia que muitas pessoas o possuem, mas nunca pensei em correlacionar os termos.
 Em breve consulta no dicionário é descrita como "horror à árvores", mas com a desculpa de que ela torna-se uma ameaça da vida humana que compartilha o ambiente. E o que a difere das outras fobias, é que a maioria os dendrófobos não tem a consciência dessa oposição à árvore, ao menos, nunca vi ninguém dizer que não gosta de tal árvore, simplesmente por " nada", sempre quer colocar a culpa em alguma característica que o incomoda.
As desculpas para retirar a árvore do seu caminho são justificada, como: sujeira na rua (simplesmente pela queda das folhas na calçada) e a solução ou é suprimir o indivíduo que incomoda ou passar cimento ao redor do tronco, permitindo assim área mais disponível para o que bem entender..E, algumas vezes sem motivo e conhecimento algum algum afirmar que a árvore ameaça a vida humana ali presente.
Recentemente, tomei conhecimento de um fato bem curioso de dendrofobia que ocorre há 11 anos em Camaragibe, município pertencente a região metropolitana do Recife, onde uma família  luta para manter em pé uma árvore de Araucaria excelsa, conhecida popularmente como árvore de natal, o qual foi plantada pela família e está dentro dos limites de sua residência.
Segundo, a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco a Engº Florestal Isabelle Meunier desde 2001, "pareceres dos órgãos de licenciamento (IBAMA e CPRH) apontaram a saúde e segurança do indivíduo. Contudo, solicitaram que a árvore passasse por vistorias periódicas, para avaliar possíveis problemas sanitários passasse a surgir no período". Passados 7 anos, em vistoria feita pela profissional a árvore encontrava-se em pleno desenvolvimento, em situação melhor do que a encontrada em vistoria realizada em 2001.
A árvore tem 40 anos de idade e os seus vizinhos simplesmente insistem em contatos com órgãos para a retirada da casa de quem a plantou, alegando perigo à vida humana, pela presença de ventos na área.
O também professor do deptº de Ciência Florestal da UFRPE , Dr. Tadeu Jankovski afirma que a espécie tem muita pouca possibilidade de cair pela ação do vento, pois apesar do fuste alto, os galhos são curtos e as folhas são permeáveis ao vento, a consequência dessas características é que o indivíduo não recebe ação forte pelo vento além do peso dos galhos serem pequenos".


É simplesmente, fruto de não ter nada o que cultivar... e vai se importar com o cultivo do próximo!
Aí que entra o poder da educação ambiental, onde precisamos, necessitamos trabalhar com a nova geração a importância das árvores, mas não só na teoria, levá-los à prática a beleza e a sutileza de abraçá-las, de saborear seus frutos..e simplesmente respeitá-las!

sábado, 28 de julho de 2012

Uma pessoa que tem o verde intrínseco - incomoda muitos

http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1127593-marina-silva-sempre-teve-boas-relacoes-com-a-aristocracia-europeia-diz-aldo.shtml
A presença de nossa guerreira, Marina Silva incomoda a comissão brasileira em Londres. Simplesmente porque eles não sabiam da sua presença, e muito menos que ela levaria a bandeira representando o Brasil. E, por acaso desde quando importa a agenda de Maria Silva para o governo brasileiro?
Se a comissão organizadora das Olimpiadas cometeu uma "garfe" com a troca da bandeira das Coréias, dessa vez merece aplausos pela escolha de um cidadão que realmente merece colocar a bandeira para o alto!!

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Quebradeiras de coco - mulheres guerreiras


Presente nos estados do Piauí, Maranhão, Tocantins e Pará a palmeira babaçu - Atalea speciosa Mart. ex. Spreng, é parte integrante da tradição passada de geração em geração nas famílias rurais desses estados. Desde cedo as meninas aprendem um ofício que é passado de mãe para filha: o de quebradeira de coco. A palmeira é uma das oleaginosas mais importantes do mundo, exerce função social importante, reunindo 400 mil quebradeiras de coco babaçu nos quatro estados produtores, principalmente Maranhão e Piauí, concentradores da produção. No caso do Maranhão, que detém um dos menores índices de desenvolvimento humano do País, essa atividade representa 50% da agricultura familiar. Mas a história dessas quebradeiras muda de acordo com o município em que vivem, já que nem todos adotaram a Lei do Babaçu Livre , o qual permite a entrada e coleta dos coco mesmo em terras privadas. E, mesmo após a aprovação estas guerreiras se deparam com cercas elétricas nas áreas particulares, jagunços das fazendas com armas brancas ou fortemente armados impedindo a entrada das trabalhadoras em áreas onde a lei já permitiu.

Análise de "casos e casos"

Apenas 10 mil quebradeiras se beneficiam com a lei e, se existisse uma escala para medir o nível de desenvolvimento das quebradeiras no processo de exploração do babaçu no Maranhão, as mulheres da região do Médio Mearim, mais precisamente no município de Ludovico, são as que ocupam o topo, pois além do benefício da Lei, foram assessoradas e apoiadas pela Unicef e hoje possuem uma cooperativa que fabrica sabonetes e óleo. Esses produtos são exportados para Europa e Estados Unidos. Uma rede de cosméticos inglesa, conhecida por valorizar as comunidades nativas e na preservação da natureza, paga pelos produtos o dobro do preço.


Em Timbiras a situação das quebradeiras é distinta, não existe cooperativa, nem apoio internacional. No entanto, aos poucos, com a assessoria do Instituto de Apoio Comunitário, as famílias passaram a otimizar a produção de carvão feito com a casca do coco de babaçu. Paulo Roberto, membro do Instituto conta que antes o carvão era feito de forma ainda mais artesanal e que somente quatro latas do produto eram produzidas por forno. "Fazia-se um buraco no chão e ali colocava-se a casca para queimar. Com o novo método criamos fornos desenvolvidos a partir de ninhos de cupim feitos de barro. Esse material é misturado com areia e tem a consistência de cimento. Fazemos fornos altos e a produção agora é de 35 latas", explica.


Quebradeiras organizadas


Os conflitos pela posse de terra na região do município de Timbiras desde meados dos anos 80, onde os moradores tinham suas casas destruídas a mando dos coronéis e pela própria polícia, deu origem a uma organização: a Associação de Assentados (Assema). A entidade auxilia a cooperativa de quebradeiras de coco de babaçu e aos poucos tem mobilizado os pequenos agricultores para um sistema agroextrativista voltado para a sustentabilidade. Combinando agricultura orgânica e extrativismo no mesmo pedaço de terra.


O Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu(MIQCB) organizou em dezembro último o 5º Encontro do Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu, com a presença de castanheiras do Peru e Bolívia, onde houve intenso intercâmbio de projetos e ideias.



Reflexão

Como essas mulheres são guerreiras!!Tanto as que conseguiram se organizar e valorizar os seus produtos chegando a exportar (claro que com a ajuda de instituições não-governamentais) e mais ainda as que conseguem literalmente sobreviver no sistema, com suas batalhas na busca de palmeiras, na quebradeira do coco e na vitória de sua comercialização.

E, só tenho a ressaltar que necessitamos de instituições locais e externas que atentem para os grupos que por falta de apoio de pessoas dedicadas seja da sociedade civil ou da mobilidade dos órgãos de extensão estaduais, atentem para o seu papel extensionista e se juntem a grupos como a Assema e fortaleçam a classe dessas guerreiras.

Ameaça

A palmeira é protegida de corte no estado do Maranhão, em caso de pedido de supressão no órgão de licenciamento ambiental do estado, o analista ambiental do órgão analisava as condições do empreendimento e estabelecia a compensação ambiental para a supressão requerida.
Na capital maranhense a proibição foi alterada depois do dia 13 de maio do ano passado, a Assembleia do Maranhão aprovou a lei nº 9.370. A norma permitia a derrubada de babaçuais na zona urbana de São Luís, facilitando a construção de novos empreendimentos residenciais e comerciais na capital maranhense, a cidade é cercada por parques onde a presença da palmeira ainda é considerável.

No final do ano passado, blogs e jornais locais afirmaram que vários deputados receberam dinheiro do Sindicato das Empresas de Construção Civil (Sinduscon) após essa mudança na legislação ambiental do Estado. Um dos maiores beneficiados teria sido o deputado estadual Stênio Rezende (PMDB), autor da lei 9.370. Somente o pemedebista teria recebido R$ 1,5 milhões de empreiteiros.
A corregedoria da Assembleia Legislativa iniciou uma investigação a pedido do deputado estadual Carlos Alberto Milhomen (PMDB), mas o corregedor, Jota Pinto (PR), disse que não havia elementos suficientes para levar a apuração à frente. Deputados da base de oposição e também da base do governo Roseana Sarney (PMDB) na casa não concordaram com a conclusão da corregedoria da casa. O pedido de investigação causou mal estar principalmente na base aliada e, após as denúncias, os deputados maranhenses revogaram, por 28 votos a quatro, a lei 9.370.
Em dezembro, os promotores Marcos Valentim Pinheiro Paixão e João Leonardo Sousa Pires Leal, respectivamente titulares da 22ª e 23ª Promotorias de Justiça Especializadas na Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa, encaminharam ofício à Assembleia buscando maiores informações sobre as investigações internas na Assembleia....A novela do judiciário continua. E, para a supressão das palmeiras no estado volta a seguir o procedimento anterior à lei, ou seja, proibida com com a "brecha" de ser suprimida com imposição de compensação pelo analista da secretaria estadual do meio ambiente.



Fonte: Adital: Notícias da América Latina e Caribe ; EcoDebate - Cidadania & Meio Ambiente com adaptações; Último Segundo - IG.
Vídeo: Momento ambiental - Não deixe de ver.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

O código Florestal - uma ameaça legalizada está batendo na porta

Não poderia estreiar este novo projeto com uma notícia e esclarecimentos a respeito da mudança na lei nº 4.771/1965 -  Código Florestal Brasileiro. 
Essa mudança está em fase de negociação em Brasília, rodeada de interesses pessoais, nacionais e até internacionais... a governança mundial está de olho na exploração dos nossos recursos. 

A Comissão Mista que analisa a Medida Provisória 571/12, que altera o novo Código Florestal, aprovou no último dia 12 de julho– com 16 votos a favor e 4 abstenções – o relatório do senador Luiz Henrique (PMDB-SC).
Em seu parecer, o relator da matéria manteve a exigência de recuperação de 20 metros de mata ciliar nas médias propriedades, de 4 a 10 módulos fiscais (unidade expressa em hectare, fixada para cada município) não podendo ocupar mais do que 25% da propriedade.
Conforme análise de Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, “todas as emendas acatadas pelo relator da Medida, o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), foram de autoria dos ruralistas e prejudicam muito o meio ambiente”.
Os 343 destaques serão analisados no dia 7 de agosto, após o recesso parlamentar. Em seguida, a MP segue para os Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Fonte: SOS Mata Atlântica com adaptações.

Sejam bem-vindos!

Sejam muito bem - vindos a este espaço virtual que tem como proposta um caráter informativo e educacional em uma visão holística do ambiente.
Apesar do título " matas brasileiras" restringir às florestas - Estarei sempre buscando notícias que tragam à tona denúncias e realidade que acontecem em nosso meio, e que de forma direta ou indireta atinge não só as matas brasileiras, mas as mundiais e não só os pulmões e qualidade de vida dos brasileiros mas de todos os seres que habitam neste mundo. E lógico mostrando que, apesar de muitos acharem que "tudo só piora" a cada dia, existem verdadeiros cidadãos e comunidades que fazem jus a viver na Terra, simplesmente por buscar viver em harmonia com o próximo e com os elementos. Uma eterna busca...